Através da névoa
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4. Guerra dos Sussurros

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Mensagem por Alana Darkbloom Sáb Jul 16 2016, 18:16

guerra dos sussurros
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4

Eu tenho cara de Peixe? Pelo amor de Atena, eu não sou filha de Poseidon. Pensei muitas poucas vezes antes de contrariar e resolvi não o fazer, me cansei com Damon, vou guardar  a continuidade da minha raiva para o mesmo.

Os grupos começaram a se dissipar para suas bases e eu ainda precisava escolher duas pessoas para virem comigo. O nervosismo começou a alfinetar minha ansiedade e eu me sentia completamente perdida. Era pra mudar de estratégia? Mudemos.

- Barry, você vem comigo. - meu pseudo irmãozinho incrivelmente gostava de mim. Deve ser a mesma mãe, empatia. Achei que seria uma boa. - Você, de Apolo. Isso, o mais bonitinho. Não sei seu nome e não me importo. Vamos.

Barry me acompanhou feliz pelo percurso, talvez seja incrivelmente bom para alguns conquistarem - de certo modo - minha confiança. Eu não troco de equipe, nunca.   Não se mexe em time que está ganhando. Mas fora Seven quem começou, eu terminei.

Vamos nos destruir em irmandade, afinal.

Eu não estava acreditando que aquilo poderia dar certo, mas ninguém precisava saber disso. Minha aparência era de confiança extrema, com um plus de uma pequena ruga de irritação porque a cara do filho de Apolo não me satisfazia.

- Você tentar aumentar o meu ego me chamando de “o mais bonitinho” não é o suficiente pra me fazer feliz em te acompanhar. Ninguém gosta de estar com você, Alana, você é insuportável.

- Já sei. - não sabia. Me incomodei, as palavras aumentaram a dor das cicatrizes que tenho na barriga, mas meu olhar permaneceu imóvel. - Você não precisa estar feliz aqui, só precisa me ouvir, o mínimo possível, para ganharmos.

O olhar dele também permaneceu imóvel, Barry já havia caminhado mais a frente para não ouvir a discussão e vez ou outra virava um pouco a cabeça e me olhava com um sorriso metade de meia lua.

O caminho para a E4 parecia mais longo do que de costume, o silencio em que nós três nos encontrávamos só era quebrado pelo barulho que as folhas faziam quando pisávamos nelas. Barry desacelerou os passos para ficar ao meu lado e passou o braço pelos meus ombros. A sensação foi de um estranho aconchego.

- O nome dele é Lucas Shmith, eu sei que você se importa. - o sussurro me fez sorrir envergonhada e abaixar levemente a cabeça em agradecimento. - Gelo derrete ou se quebra com extrema facilidade. Toma cuidado, Alana.

Não sei como me senti com as palavras do filho de Atena, mas uma estranha insegurança me surgiu ao ver Satoro e Will chegando na E1, eu não conseguia entender o que Seven estava imaginando. Aquilo claramente não daria certo. O idiota do Damon não seria tão trouxa a ponto de ser enganado.

Eu não podia demonstrar medo. Aumentei os passos e ajustei minha coluna, estava ereta e meu semblante também.

Finalmente, a E4. Os dois garotos se posicionaram de frente a mim esperando ouvir ordens. Eu não sabia o que fazer. Puta merda, eu não sabia o que fazer.

- Barry, fique de vigia na passagem para a E1. Não saia de lá. Lucas, me desculpe. - nós três nos desentendemos da situação, nem eu mesma acreditava em meu pedido de desculpas, mas lá estava ele - você fica no meio da base, é apoio, ajude quem precisar. Fique atento, sempre atento. Damon é um estúpido esperto. Eu vou ficar rondando pelos espaços que estão fora da visão de Barry.

Ambos concordaram e não se imporam nem mesmo com um olho revirado. Já estávamos posicionados.

Rondando dava para ver de longe as três outras bases e eu ainda não via ninguém na E2. Por favor, Seven, não entregue o jogo assim. Sem ninguém na E2, eles partem pra E1.

Eu conseguia ver todos posicionados, mas não conseguia encontrar Seven e Vince. Será que se esconderam em algum espaço da E2? De longe, Charlotte parecia incomodada, andava de um lado para o outro na E3 e sua equipe não estava orientada.

Alguma coisa nisso tudo não estava certa.

5

Barry e Lucas já estavam cansados de esperar por ataques, o tédio já acolhia nós três. Nenhum dos dois times se prontificava a atacar e eu estava ficando impaciente. Não havia movimentação nenhuma, talvez um a menos na base de Charlotte, nossa E2 ainda, aparentemente, sem ninguém e nenhuma visão de Vince ou Seven.

Num espasmo de insatisfação, explosão ou fastio, estiquei meu cordão e apontei a flecha do arco para o céu. Atirei. Dez segundos e ouvi o barulho de folhas e galhos sendo atingidos no chão em alguma proximidade.

Desviei o olhar para o barulho e vi Vince passando pelo local em uma tentativa absolutamente concreta de ser despercebido. Minha expressão deveria ser de desespero no momento em que ele olhou de volta.

- Pensa bem, Alana. Trois Verres, você sabe.

Eu não sabia.

Lucas olhava pra mim numa tentativa de compreender o porquê de eu ter atirado e porque olhava tão fixamente para o local. Eu queria dizer que não, não sou louca como parecia, mas não disse nada.

Continuei olhando para o local onde Vince passara. Agora ele já estava distante. Alguma coisa por ali me fez lembrar a fazenda do meu pai, as folhas, o cheiro, talvez as árvores. Mas nada era parecido, afinal. O tronco com o galho mais alto me trouxe a lembrança de quando tia Mary fez dois balanços de pneu, um pra mim e um pra Lyssa. Um só daria briga. Não havia nada de mais no balanço e nós nem queríamos estar ali. Eu não também não queria estar aqui agora, pensar em Alyssa fez meu peito apertar. Não consigo imaginar ela ao lado de Damon, contra mim.

Minha preocupação crescia imaginando os dois chegando juntos na base, Damon sabe que Lyssa me abalaria e ele não tem dúvidas quando se diz respeito ao que me machuca.

Sorri. Eu também não teria dúvidas.

O francês péssimo de Vince não saía da minha cabeça. Trois Verres. Três Copos. De alguma forma tinha que se encaixar nisso tudo.

- Lana, galhos se mexem sozinhos?
- Não normalmente, Barry.
- É possível que venham pelas árvores?

Damon. Atirei na direção em que Barry me apontava. Lyssa. Ela podia estar com ele. Meu coração disparou. Barry estava do meu lado, senti a respiração ofegante e ele provavelmente ouviu meu coração saindo pela boca e voltando algumas vezes. Lucas não aparecia.

Eu não ouvi a flecha acertando nada, nem caindo. Olhei ao redor, eu tinha atirado. Barry viu os galhos, eu ouvi. Estava vazio, cada ponto do da minha visão não tinha nada além de verde, marrom e um inútil filho de Apolo dormindo.

O olhar de Barry era quase uma súplica pra eu deixá-lo ir procurar o que quer que fosse o barulho ou os movimentos. Eu estava receosa. Não sei se por ele ir sozinho ou por eu ficar ali apenas com Lucas. Mas o deixei ir, ele voltaria com respostas.

- LUCAS! Não faça eu me arrepender de ter te pedido desculpas.

Ele despertou tirando a espada da bainha e se posicionando em menos de cinco segundos. Quando viu não aparecer ninguém, retrocedeu os movimentos. Ele trocou a espada de mão algumas vezes, parecia não se lembrar se era canhoto ou destro. De fundo vi Vince correndo entre a E1 e a E2.

Trois Verres. Como confundir alguém com três copos e um dado escondido. Ele trocou.

Como eu não tinha ainda entendido? Como ter certeza de que Damon iria direto pra E1? Como ainda assim manter a E2 sem ninguém? Só faria sentido se fosse para reafirmar uma informação fraca.

A mudança de planos de ultima hora se ajustava em algum ponto daquela situação, mas ao mesmo tempo não entrava na minha cabeça. Eu estava lutando para entender tudo aquilo e não aparecia ninguém para uma luta fora de mim mesma. Barry ainda não havia voltado e Lucas até então ainda não tinha entendido porque o acordei num grito. Eu imaginava que a sonseira se restringisse aos filhos de Poseidon, mas até Seven me parecia inteligente demais naquele momento.

- Onde está Barry?

- Há quanto tempo você dormia?

Lucas esfregava os olhos para despertar e se espreguiçava de um modo irritantemente calmo. Como ele poderia estar calmo?

- Galhos se mexem?

Respirei fundo.

- Só me diz onde, Lucas.

Ele apontou para a direção do caminho para a E3 e eu não vi ninguém, inclusive na E3. Mas os galhos realmente se mexiam, eu não sabia se atirava ou não, não queria machucar Barry. Ou Alyssa, eu não podia sequer pensar em ter que lutar contra ela.

Porém tinha Damon.

Atirei.

- Você precisa melhorar sua mira, Alana. Galhos não se mexem sozinhos, mas também não sentem dor.

A risada de Damon cutucava meus tímpanos e eu queria coçar cada parte de mim que era atingida por aquele som e pelo ser que o emitia.

Atirei novamente. Ouvi movimentações. Damon não estava sozinho.

- Melhor tomar mais cuidado, passou raspando na sua irmãzinha.

- Alyssa?

Não tive respostas. Ele estava blefando, Alyssa me responderia.

- Não é ela que está ai, Damon. Você não seria tão covarde.

Houve um silencio durante alguns minutos, ninguém falou mais nada e eu não ouvi nem mesmo Damon ou Lyssa. Ou quem quer que estivesse com ele. Lucas olhava para todos os lados, eu também, mas eu não estava com a atenção fixa no que poderia acontecer. Damon sabe meu ponto fraco, mas não tem coragem de trazê-lo de frente a mim.

Atirei para cima.

- Já falei para você tomar cuidado com essas flechas que você atira sem ver para onde, Laninha.

Revirei os olhos e a flecha caiu. Atrás de Lucas, pouco menos de um metro de distancia. O garoto olhou para mim assustado e o máximo que consegui foi olhar para ele com ressentimento. Eu estava com raiva, eu estava ansiosa, eu estava atordoada e eu estava com medo.

- Não acha que é um perigo eu estar onde você não pode me ver, mas eu posso te ver?

Não disse nada, não parecia haver ninguém em lugar algum, era como minha casa depois que Tia Mary se foi, estava vazio e silencioso. A diferença é que lá eu tinha Lyssa ao meu lado.

- Fica tranquila, sua irmãzinha não está mais aqui. Ela deve estar bem próxima da E1 agora. Somos eu, você e seus amiguinhos, você pode falar comigo sem medo de ter que machucar sua irmã em seguida.

Lucas não conseguiu manter a postura ao ouvir para onde o outro time estava indo. Mas eu não movi uma célula do meu corpo em resposta.

- Você só fala, mas não aparece, Damon. Toma coragem. Porque não foi você pra E1?

- Eu iria se não tivesse certeza do coração mole da sua irmã ao ver você.

Ouvi passos e finalmente o vi entre as árvores. Lucas correu para cima dele e tudo que ele fez foi rir. Desviou um passo para a direita e a prole de Apolo não soube mais o que fazer.

Todo mundo tinha medo de Damon. E do seu riso falso.

- O que eu tenho aqui não é com você, cria de Apolo, é com a Alana.

6

O garoto não sabia se me ajudava ou se deixava eu me resolver sozinha. Eu estava com minha adaga em mãos e com Damon a exatos três metros de mim.

Havia um sorriso frouxo nos meus lábios e nos dele também. Nós estávamos contentes de estar ali, finalmente. Mas ao mesmo tempo, eu não queria lutar. A minha constante indecisão batia de frente com minha praticidade. Tudo naquele dia estava falhando, inclusive eu.

Damon caminhava em minha direção calmamente, mas meus olhos fugiram de vê-lo e os dois infelizmente acompanharam minha visão. Eram Seven, Charlotte e mais dois correndo da E3.

De inicio, não entendi. Ninguém entendeu, até percebermos para onde íam. Nós somos peixes. Era a direção do córrego.

Porra, Christopher, isso não vai funcionar.

Damon não demorou para concluir o que estava acontecendo e eu pude perceber a dúvida que lhe caiu: ir atrás do grupo ou ficar e lutar comigo.

Lucas estava imóvel. Agora quem ia em direção a luta era eu e Damon se afastava devagar enquanto pensava rápido. Os passos de costas pareciam incertos, mas os meus eram certeiros e cada vez mais firmes. Ele não fugiria, não tão perto.
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