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1. e 2. Seven e Damon

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Mensagem por Seven Sáb Jul 09 2016, 23:13

Seven - Filosofia de Bar


1


Uma dúvida cabal azucrinou Seven pelo resto do dia. Se eles viviam em um zoológico, e viviam em jaulas, agora eram comprovadamente animais selvagens a amostra. Deste argumento irrefutável, a pergunta era: desde quando os homens se transformaram nas galinhas dos monstros mitológicos, criados em cercos e alimentados diariamente para ser devorados depois da engorda? Não. Ele conhecia a resposta para esta questão. Aliás, isso acontecia nos arredores do zoológico, em outro mundo de jaulas, das quais só ele e seu grupo de exploração tinham o privilégio de avistá-los em plena atividade.

Era mais duro quando presenciavam canibalismos.

Porém, o zoológico com humanos e semideuses era diferente, pois encontrava-se fechado por motivos técnicos de busca pela sobrevivência. Uma parte perspicaz das galinhas, desta vez, tinham isolado um local e plantado um estandarte, estufando o peito e cacarejando um severo “é meu”. E Seven era o galo de briga que ajudava a manter os monstros do lado de fora. Com Damon pregando a não salvação dos humanos nos currais humanos, temia que, do mesmo modo que humanos e semideuses podem se tornar galinhas, eles também podem ser monstros ainda mais assustadores.

Talvez seja por isso - e se não fosse que se danasse - o motivo de estar no meio de uma ode generalizada de caos que diminuía uma taverna a um covil de ratos magricelas, convencidos a espertos. Daquelas em que se descobre, por meio de análise cartesiana, ou dialética de Aristóteles, que palhaços podem chorar de tristeza. Cob iria contar, cheio de si e de bafo, queimante nas narinas de quem inalava, uma piada de pescador. Ririam e brindariam o mar. Malcolm iria reclamar sobre o período de fome que permitia contar a olho nu o número de costelas de cada criança que corriam em círculos naquele cubículo que chamavam de abrigo. Todos chorariam e brindariam por tempo melhores. Viria a vez do Carl de falar sobre seu filho, que ficou abismado quando soube que a carne do churrasco do qual serviria a família seria a do seu cachorrinho Toby, seu melhor amigo. O menino comeu o suficiente para estufar a barriga. E todos ririam para logo em seguida chorarem. Brindariam ter algo ainda para comer.

É.

Isso incomodava Seven, isto de sobreviver.


2


A cabeça. Ele lembrava que tinha uma porque latejava o bastante para um rinoceronte cair de lado e nem sequer lembrar que precisava levantar outra vez. Aliás, precisava?

Infelizmente, a resposta era afirmativa. Principalmente porque tinha uma morena do outro lado da cama, acariciando as suas costas. Tinha duas opções para explicar quem era aquela mulher: a) uma prostituta, provavelmente de luxo, porque tinha curvas o suficiente para fazer um japonês de um anime qualquer espirrar sangue pelo nariz; b) Uma fã forever do Seven, da qual pensava, em suas reflexões levemente direcionadas a loucura, que ele deveria ser um príncipe/herói/foda montado num cavalo branco e que quando sorria um brilho surgia entre seus dentes brancos, e então nesse momento algo começaria a molhar.

Pensando sobre esse ângulo, sua cabeça começou a pulsar ainda mais, semelhante a bomba do bomberman. Olhou para o sabre de Star Wars, na instante de cima, ao lado do ursinho de pelúcia do mestre yoda, dos quais juntavam-se com vários outros espécimes maravilhosos de colecionador que o Barry, seu melhor amigo – embora não gostasse de falar isso em voz alta – adorava. Quando criança, no meio do caos que havia se transformado o mundo, procurava pela lojinhas tudo relacionado a animes, hqs, filmes, seriados... acabava por procurar, junto ao seu "pai", tudo relacionado que sobrava naquela cidade de Nova York deserta, a não ser por plantas selvagens, hera, e algumas árvores pré-históricas. De vez em quando havia alguns monstros também. Fez isto na época para continuar lembrando de que era um humano, embora na prática só adiou o inevitável... De qualquer forma, serviam para lhe trazer lembranças das aventuras que viveu para adquirir cada um deles, com seu "pai".

Focou no sabre de luz. Seria uma boa ideia espantá-la com ele.

Na verdade é uma péssima ideia. É... vou ter que fazer a parte chata.

Tomou um banho, cantando Singing in the Rain, de Geny Kelly, sua música predileta, vestiu seu melhor terno, e, quando pensou em expulsar a garota, ela estava sentada na cama, vestida com sua blusa rosada apertada o suficiente para deixa-lo desconfortável, e com as pernas cruzadas de modo a mostrar a exuberância do comprimento de suas coxas. Isso contribuiu para deixa-lo mais desconfortável. E tinha aquele sorriso sacana, com aquele olhar malicioso. Não estava ajudando.

- Érr... – engoliu a saliva. Respirou fundo o suficiente para qualquer ser com um pouco de inteligência perceber o quanto estava perdido. 1...2...3... você tem compromisso, e são com criancinhas adoráveis, e tem a caça a bandeira mais tarde, agora não...6...7 , pensou consigo mesmo -  Você vai ter que sair. Sério, talvez nos encontraremos novamente por aí e con...

Ela segurou no zíper de sua calça e o desceu va-ga-ro-sa-men-te.

- Quem... é você? – soou muito como se ele tivesse falando com um fantasma que acabou de derrubar uma cadeira qualquer na sala ou fez a janela ventar mais que o normal.

Ela não respondeu. As coisas estavam ficando quentes e avançadas. Seven girou os olhos e riu. Sophia, mais uma vez fazendo minha vida um pouco mais triste... Afastou a garota.

- Você é minha fã ou uma integrante da profissão mais antiga do mundo?

Primeiramente ela não entendeu. O processamento de informação se deu lentamente, carregando pouco a pouco. Quando compreendeu estava na metade do trabalho que tinha se proposto a fazer. Ela se ofendeu e soltou um grande “O QUE?!” . Missão cumprida. Conseguiu transformar mais uma fã número um em uma hater que desataria num riso maléfico quando visse Seven na pior.


3


O Abrigo em que os sobreviventes da segunda guerra dos titãs se alojaram era simplesmente o zoológico de Nova York. Antigamente era dividido em aproximadamente dezesseis jaulas, espalhadas nos mais variados tipos de zonas climáticas, desde a temperada até a tropical, cada uma com suas características particulares de flora. Em cada jaula, relativamente ao seu tamanho, se tornara ou um órgão administrativo interno ou onde se situava os dormitórios a céu aberto, a não ser certas exceções de famílias que conseguiram construir minúsculas casas de madeira. Seven tinha certas regalias, como ter um dormitório somente para ele no prédio do grupo, porque era o líder das forças de exploração e de execução. Nesse momento, tinha que dirigir-se ao prédio da educação do zoológico, que antes ensinava sobre animaizinhos e a preservá-los. Agora ensina crianças a matar os animaizinhos e fritá-los na janta. E ensina a matar monstros também. Literalmente.

Era um dia de apostas para ver qual das duas alianças iriam vencer a caça a bandeira. Não era para ter se espalhado, mas a maioria dos humanos e semideuses souberam da aposta que ele e Damon tinham feito. Se Seven ganhasse, o maior curral humano encontrado em toda a história do grupo de exploração, seria atacado pela maioria dos grupos, e salvaria vários humanos e talvez alguns semideuses. Além do mais, um monstro importante, pelas verificações, se encontrava no local, e poderia levar a prisão dos Deuses. Mas se Seven fosse derrotado, ajudaria Damon a retomar o Olimpo para os semideuses, e deixaria a maior parte dos humanos por sua conta e risco - Seven odiava a ideia.

Usou um manto para esconder sua face e evitar o seu reconhecimento entre as pessoas que caminhavam nas ruas. Chegou e já deu de cara com Sophia na entrada, filha de Athena, esperando com os braços cruzados, e com a boca retorcida. Ela conseguia ser assustadora quando queria, como naquele exato momento em que seus olhos cinzentos como a tempestade iria soltar raios em Seven, o coitado, vítima das cruéis circunstâncias.

- Alguém já te disse que você fica sexy com esse seu cabelo espetacularmente solto? – Seven arriscou
- Vai ser necessário mais que isso para eu te desculpar

Seven deu de ombros.

- Deixa eu acabar logo com essa tortura - disse, brincando

Em uma das salas, as crianças estavam sentadas no tatame azulado que cobria o piso, de textura emborrachada. As crianças se dividiam claramente em raças, entre semideuses e humanos, cada grupo em seus lados opostos do cômodo. Sophia é gente boa, provavelmente não foi ela que os separou, Seven imaginou. As próprias crianças, seja a atitude de um grupo isolado ou de ambos, tinha arcado com esta segregação. Quando Seven se apresentou diante delas, nada mais importava senão prestar atenção em um dos heróis vivos. Menos uma delas, uma que, mal sabia Seven, estava preparando algo na calada da Escola...

- O Chris não veio denovo... – Disse Sophia, de um modo introspectivo, procurando o garoto na sala e criando um lembrete em sua cabeça. Depois, falou abertamente - Crianças, aqui está o último dos líderes daqui do nosso abrigo a apresentar a profissão. Seven, líder das forças de exploração e execução irá contar um pouco seu trabalho, então, vamos bater palmas.

E todos bateram e alguns inclusive assobiaram. Se eles soubessem o que aconteceu no quarto hoje de manhã eles iriam repensar seus valores, pensou Seven, divertindo-se com a inocência das crianças.

- Conte-nos um pouco sobre a sua profissão e de seu grupo – Sophia puxou Seven da cadeira e o empurrou para frente das crianças. Seven foi tropeçando até chegar lá – o palco é seu – Sophia voltou e sentou numa cadeira encostada no quadro negro, e relaxou. Tinha se livrado do barulhento comboio de crianças.

Seven tomou a fala em pé, a contragosto.

- Bem, como vocês devem saber, e não vou me delongar muito sobre isso, resumidamente procuramos locais com água e caça, que é indicado por filhos de Deméter e Poseidon, dos quais tem sentidos da natureza e de onde há água. Nós vemos se é seguro. Libertamos pessoas dos.... - Só pela face, deu para entender que Sophia não queria que ele alongasse essa linha de raciocínio - E também temos que manter um certo expediente seguro de monstros ao redor do abrigo, daí vem a parte mais legal do nosso trabalho, que é matar monstros –  Colocou as duas mãos no rosto e fez um “O” com a boca, demonstrando um susto. As crianças se divertiram. Com um sorriso de moleque estampado no rosto, prosseguiu – Fazemos parte dos três grupos principais que lidam diretamente com monstros, sendo os outros dois o de caça, liderado pelo Damon, e o de guarda, dividido em dois grupos que intercalam-se entre si, liderado por Alana e Kalel.
- O Kalel era bacana, mas a Alana e o Damon era uns chatos – um gordinho, trajado com um camisa preta estampada com a foto do Ride the lightning, um álbum do Metallica, se manifestou no meio – O Damon só falava de camuflagem, camuflagem... eu só vi a “camuflagem” derrubando um de cada vez de sono, em efeito cascata... chóoo – imitou o som da cachoeira quando choca-se contra as pedras. Arrancou uns risos das crianças.
- É – agora quem falou foi um garotinho pequeno, sentado no fundo. Seven teve que se esforçar um pouco para identifica-lo – E a Alana parecia que queria estrangular a gente a cada vez que não entendíamos ou perguntávamos alguma coisa.
- Não fale assim da Alana! – uma garotinha de cabelos loiros e clara como algodão tomou a palavra – Ela é a minha heroína favorita. Eu aposto que ela e o Seven vão ganhar hoje - se referia a caça a bandeira que aconteceria ainda naquele dia.
- O Damon é bem mais forte com aquele chicote ULTRALEGAL. Ele que vai ganhar - Disse um garotinho de olhos puxados
- Mas na hora que perguntei sobre o que ele achava do Seven, o Damon.... sei lá, quase me fez desaparecer com o olhar. Ele não é tão legal assim - Disse uma menininha morena

Olhou para a Sophia, e ela sorria desajeitada, coçando a nuca. Se ela pudesse falar algo para se defender, seria um “sabe como é, né?”. Seven voltou seu olhar para a plateia.

- Vamos ver garotos. Espero a torcida de vocês - deu uma piscadela - Quanto aos líderes, Kalel é um bom soldado e até carismático, mas seu modo de lutar é limitado em um tipo de técnica, e por isso cheio de vícios e previsível. Damon é meio caladão, e tem cara de vilão... e... bem... ele não gosta muito quando eu trago mais pessoas pra cá... - Vamos pros elogios, elogios, forçou-se a pensar Seven, que dificilmente gostava das ideias de seu algoz - mas ele é um cara muito poderoso no mano a mano e, de seu jeito, preocupa-se em manter todo mundo alimentado. Já a Alana... bem, ela tem aquela cara assassina, mas o trabalho na guarda é bastante estressante. O que de melhor tem nela é seu senso de justiça muito grande, e a verdade é que ela melhora depois que a conhecemos – na verdade piora, mas não achou bom falar aquilo – Voltou ao raciocínio original – Enfim, acho que já falei tudo.

Sophia se apressou em continuar com a entrevista. Ela não iria desapegar-se tão fácil de seu relaxamento.

- Perguntas, meninos?

Um menino humano, com as mãos enfiadas nos bolsos da sua calça, e ombros encolhidos, tentou formular, deslizando na pronúncia, uma pergunta.

- Bem... eu gosto muito... muito do senhor – pausou por um momento. Pirragueou – É...
- Pergunte logo, quatro olhos! – o gordinho, agora com pinta de valentão, tentou apressá-lo
- Cala a boca... seu... rolha de poço – o menino humano tentou se defender, sem nenhuma convicção nas palavras
- Crianças, parem com isso... – Seven, tentou, inutilmente intervir
- Agora a criancinha inferior vai tentar me ofender, seu bosta
- PAREM COM ISSO, AGORA – Sophia, utilizando de maneira positiva sua habilidade de assustar as pessoas, conseguiu calar a sala

O gordinho valentão deu uma olhada duradoura para o garoto humano, e riu maliciosamente em seguida. O garoto humano engoliu em seco.

- Continue com sua questão – Seven falou.

O garotinho voltou a prestar atenção em Seven, mas agora ainda mais desconfortável.

- Bem... eu sempre tive curiosidade para saber qual... é a história de sua máscara, a Placebo, eu chega tentei fazer uma – esqueceu das pessoas ao seu redor e permitiu ser entorpecido pela excitação, revelada em suas palavras – com papel machê, e eu queria te mostrar de...
- Só podia ser um dos esquisitões – gordinho contra-ataca

Seven dessa vez não aguentou.

- Garoto, saia da sala. E estou pedindo com educação – mostrou seu sorriso tortuoso mais bonito que mantinha conservado em sua bagagem de ameaças.

Sophia só observou.

- Desculpe, Seven. Foi mal, não queria prejudicar ninguém...
- O que ainda está fazendo aí? Quer que eu vá até você?

Sophia criou alguma atitude.

- Seven, calma, ele é só uma criança.

O gordinho se levantou e saiu da sala, de cabeça baixa. O menino humano sentou-se novamente. Qualquer um perceberia facilmente o brilho nos olhos do garoto. Mas sua pergunta pegou Seven de surpresa. Teve que responder.

- É complicado. Eu não fazia parte do Acampamento meio-sangue ou do romano. Na verdade, depois do término da segunda guerra dos titãs eu tinha apenas uns nove anos. Minha mãe, que cuidava de mim, estava fora quando tudo aconteceu, daí tive que ficar sozinho em minha casa - Bem melhor do que falar que ela me deixou no reformatório, pensou - E, como eu tinha somente nove anos, e não tinha ideia alguma de como me defender, as coisas logo ficaram difíceis.

E como vocês sabem, logo logo surgiria um monstro para me abocanhar e me levar para seja lá onde for, já que esse mundo virou terra de ninguém. Mas tive sorte, porque o primeiro monstro que apareceu, não sei exatamente porque, não me digeriu. Na verdade ele ficou me observando atentamente, como se eu fosse um tesouro perdido do pirata barba negra que ele estava procurando a muito. Ele tinha um corpo aracnídeo gigante, mas ao invés de pele e pelos, tinha o corpo recoberto de metal negro, e patas laminadas, a não ser a face, que era bem parecida com uma máscara de hockey, daquelas brancas. Sério, eu morreria facilmente. Eu fiquei com tanto medo que, pela primeira vez na minha vida, entendi que ainda era possível mijar nas calças mesmo grandinho.

O monstro só sabia rosnar. Rosnar em parte. Era como se ele tivesse juntando um cuspe na garganta mas nunca cuspia de verdade. Era quase isso. Do nada, eu virei o xodó dele, e começou a trazer alimentos para mim, a basicamente me criar naquele caos que havia se tornado Nova York. Não sei exatamente falar para vocês quando o medo deu lugar ao amor, inclusive o bastante para chama-lo de pai. Talvez tenha sido depois que enfrentamos juntos nossos primeiros monstros, que buscavam me matar. Aprendi a lutar com ele, com a Katana da qual mais tarde foi apelidade de Muramasa pelo Barry, o líder da administração interna, ele passou passou por aqui para apresentar a profissão dele também.Naquela época a Katana era composta de alto carbono 1060, e só depois de entrar no abrigo a banhei de cobre celestial. Na época tive que ser habilidoso o suficiente para decapitar cada ser que aparecia na nossa frente. Assim fomos vivendo, nos protegendo de monstros e, as vezes, saíamos para pegar uns objetos de colecionador legais, principalmente nos dias em que eu achava que era meu aniversário e o Natal. Vocês tinham que ver as árvores de natal que construíamos, eram bizarras. Aprendi a admirar meu pai, e, quando encontrei essa máscara, a ‘Placebo’, bem, ela me lembrava o rosto dele. Eu só queria ficar parecido com ele. Por isso da máscara
”.

As crianças da sala ficaram pasmas.

- E o que aconteceu com ele? – Uma das crianças, de olhos pregados, absortos em Seven, perguntou

As palavras se esconderam dentro de sua boca. Ele responderia, mas relembrar aquele momento tremulava seu peito, e o deixava ofegante. Seus lábios se abriram lentamente, desgrudando um do outro aos poucos, mas nada saiu. Algo tornara-o mudo, numa operação executada em si por ele mesmo.

Por sorte, alguém chutou a porta da sala e gritou “As ta la vista, baby”. O menino, articulador de artimanhas na calada da escola, estava sem camisa, e com um short cinza que batia nos joelhos. Tinha um topete, estava de óculos escuros e... com uma arma de jato de água. Junto a ele, estava o gordinho, que entrou de mansinho na sala. Atirou a água em Seven.

Seven paralisou o jato de água no ar com seu poder de filho de Poseidon, e retirou toda a água da arma. Formou uma grande bola de água e, ainda no ar, a dividiu em três cavalos cristalinos, de pele azul turquesa, a pele da água, cavalgando em um círculo ascendente, um atrás do outro. As crianças sentiram um misto de ternura e surpresa. O poder dos semideuses antes era como o vinho, quanto mais velho ficasse, mais poderoso, devido a maior experiência. Mas agora enfraqueciam ao compassar dos anos. Por isso, ver aquelas cenas eram cada vez mais raras. Seven era uma das agradáveis exceções à regra, junto a maior parte dos líderes do abrigo.

Rapidamente, Seven transformou o espetáculo de cavalos em uma bola de água e jogou na cara do gordinho valentão que também estava admirando. A sala entrou em frenesi.

Por fim, Seven fez o clássico movimento de agradecimento a plateia, e todos aplaudiram. Sophia ria e fazia um “não” com a cabeça. Acabou liberando as crianças mais cedo, até mesmo porque teria a caça a bandeira mais tarde. Algumas crianças pediram autógrafos antes de sair, mas Seven só deu um autógrafo, assinado na máscara de papel machê do menino humano, que guardou com carinho novamente na mochila, como se fosse um troféu de vidro. Insistiram por um longo tempo para que Seven manipulasse animais de água, mas deu a desculpa de que isso acabaria com a “mágica”. Depois de finalmente ter se livrado de todos, ficou sozinho na sala com a Sophia.

- Você leva jeito com crianças, e isso vindo de mim é um baita de um elogio

Desviou o olhar e observou a sala, lembrando da certa separação.

- Essa separação não é nada legal.
- Eu sei. Mas é impossível de impedir. Já fiz alguns grupos mestiços e até duplas em que havia um humano e um semideus, mas a diferença... ela continua lá. Talvez seja culpa daquele cientista louco, o Jerry, que se transformou em crente do nada, e agora influencia os humanos a nos odiarem com ideias revolucionárias.
- Eu disse que fechar a jaula dos elefantes para esses tipos de cultos só iria fazer esquentar o movimento. Faltou somente um voto para o empate, e se empatasse, você sabe, meu voto é o de minerva, e teríamos deixado as coisas se acalmarem por si mesmo, e você...
- Eu votei a favor porque estava tendo protestos lá no Arsenal. Votar contra me parecia uma ideia maluca que só Seven teria coragem de fazer...

Seven lembrou-se. O Arsenal servia de dormitório para vários semideuses, e tinha um salão dedicado a ouvidoria e a administração interna.

- Admita. Agora estou com panca de visionário

Sophia franziu a testa.

- Nunca que terá esse título. Pertence completamente a mim.

Andou um pouco até chegar lá fora e ver algumas crianças que preferiram se divertir no pátio um pouco, antes de ir para a Zona de Treinamento, onde ocorreria o evento. Brincavam de ciranda, esconde-esconde, pulavam corda e brincavam com elástico.

- Meu próximo palpite é que este lugar não será suficiente por muito tempo. Se conquistássemos o castelo... o curral humano... as crianças e nós não podemos ficar limitados a esse cubículo...

Sophia suspirou. Ela sabia onde aquela conversa iria chegar. Repetia-se a esmo toda vez que os dois se falavam. Talvez Seven estava querendo insistir até ela dizer “Tá legal, você venceu, agora pode fazer a dancinha da vitória”. O problema é que ela era dura na queda.

- Você sabe que os mesmos problemas que temos agora tínhamos naquela época.
- Você é uma semideusa que, querendo ou não, tem certos privilégios. Eu também tenho, mas saio com os humanos e vejo como eles sofrem. É praticamente desumano.

Sophia olhou para o céu tentando procurar uma resposta. Disse:

- Logo logo o Damon entrará com várias caças por aquele portão e tudo isso vai voltar a ser tranquilo novamente. Só peço para que “aproveite a noite”, Seven. Carpe Noctem. É minha expressão favorita.

Seven mandou um olhar de “estou te lendo...” Se limitou a isso. Seven poderia dizer a Sophia que havia votado a favor não porquê sabia que aquilo iria voltar a se esquentar mais tarde. Votara a favor porque sabia, em seu âmago, que, enquanto os humanos acreditarem que os grandes vilões da história são os semideuses, eles terão um objetivo em mente - derrotar os semideuses. Quando este objetivo se acabasse por perceberem não fazer sentido, coisas ruins aconteceriam. Só era necessário os humanos fazerem a pergunta: Se os semideuses não são mais inimigos, os monstros são. E quem somos nós para lutar contra monstros? E se a possibilidade de lutar fosse perdida, perceberiam ser escravos, e não pela maldade dos semideuses, mas porque não eram úteis na defesa contra monstros. E quando chegassem neste exato ponto do pensamento, toda a esperança seria perdida. Não discutia isso com Sophia porque gostava de ver sua positividade mesmo quando tudo desmoronava em sua volta. Ela era uma flor que desabrochava na luz da lua, da meia-noite, nascida para ser admirada pelo resto de sua vida, seja por sua raridade, seja por sua beleza. Não queria arranca-la do solo. Sophia continuou a falar:

- Sobre o seu pai... desculpe por aquilo, na época estávamos acreditando estar salvando você de ser devorado – havia uma melancolia em sua voz, justificável.
- Você pede desculpas por mata-lo, e eu peço desculpas por ter matado... – pausou. As palavras novamente ficaram presas na garganta e não queria soltá-la de jeito nenhum. Decidiu pular esta parte – creio que estamos quites, certo? Enfim, sobre a discussão de conquistar de volta o mundo... não pense que ganhou desta vez. Tenho que ir para a caça a bandeira, devia estar me preparando, sabia?! E vim aqui só por causa de tu.
- Eu sei. Você me ama – deu um tapa nas costas de Seven, que soltou um “ai”
- Mais delicadeza da próxima vez, sua doida – Abraçou ela e deu um beijo no rosto.

Pegou sua capa e foi andando para sua casa, lembrando de um passado remoto em que tudo era simples e tinha sentido. Só bastava matar para sobreviver, o resto era uma consequência, admitia, divertida. Se fosse escolher o porquê de sua motivação para salvar o mundo, falaria sobre o amor a humanidade. Mas motivações não são exatamente escolhidas. Seguiu para o principal evento do dia: a Caça a Bandeira.



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Mensagem por Damon Wells Dom Jul 10 2016, 14:40

damon  
Hora de ver o outro lado da história
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“Tudo morre. Tudo um dia vai morrer. Todos nesse planeta. O sol. A galáxia. E eventualmente, o universo em si. Isso é como as coisas são. E inevitável e Damon aceitava isso. O que ele não podia tolerar – o que ele achava inaceitável – é a aceleração não natural dessa morte.”

Esse. Esse foi o crime imperdoável dos titãs. O mundo ia sofrer um colapso um dia? Talvez. A raça humana nunca foi a melhor e a mais cuidadosa. Sempre lutando e se auto destruindo. Parasitando o planeta. Em alguns séculos provavelmente estariam extintos.

Mas autodestrutivo ou não o mundo moderno merecia uma chance. Não uma aniquilação total. Não podiam jogar toda a sua esperança em um semideus qualquer e agora pagavam o preço. Os titãs venceram. A Era Moderna terminou. A neo titanomaquia tinha destruído os deuses e sua fonte de poder como a civilização.

Agora reinava o primordial e selvagem. Olhando para Nova Iorque agora ninguém reconheceria aquela como um centro do mundo. Uma selva de plantas nascidas antes do primeiro mamífero que destroçaram prédios e reclamaram o mundo que um dia já foi delas. Uma que pouco a pouco deixava de ser de cimento e se tornava a pura natureza.

O mundo tinha regredido de forma que agora animais selvagens estavam em maior número do que os humanos. Não apenas animais. Monstros. Criaturas anti naturais que andavam em bandos. E o pouco que restava da humanidade? A maioria em refúgios perdidos ou em abatedouros...

Abatedouros. Damon não gostava de pensar sobre isso. Alguns deles eram literalmente abatedouros. Pareciam campos de concentração aterrorizantes que prezavam a quantidade de humanos muito mais do que a “qualidade”. Geralmente eram o tipo usado por ciclopes ou fúrias que gostavam muito mais do sofrimento do que da carne humana.

Outros... outros eram piores. Nesses os proprietários queriam “qualidade”. Damon tinha ouvido a experiência em primeira mãe de um dos resgatados por Seven. Os monstros se apresentavam como pessoas gentis, acolhiam um numero mais reservado de pessoas e tinham um grande numero de provisões promovendo um certo conforto e sentimento de segurança.

Eles te deixavam saudável. Como se fosse um vinho, te colocavam pra envelhecer, e quando a hora chegasse você virava o prato principal. E o pior? Em alguns casos as pessoas até sabiam o destino final, mas aceitavam isso desde que pudessem ter alguns meses de paz e comida descente.

Falando assim qualquer um entenderia porque Seven queria tanto levar um contingente numeroso para o grande abatedouro mais próximo. Salvar os humanos era um desejo heroico e nobre não é? Porém Damon não podia arriscar semideuses para isso.

As pessoas olhavam para ele como se fosse um grande vilão imoral querendo deixar as pessoas sofrerem, mas elas não entendiam, elas não faziam parte da caça. Elas não estavam tentando prover comida para um grupo tão grande de pessoas e não sabiam o quão difícil seu trabalho ficava cada vez que mais pessoas chegavam.

Era sempre assim. Chegavam mais dezenas de humanos, no máximo meia dúzia de semideuses e desses raramente um vinha para seu grupo. Era preciso que racionassem os alimentos mais uma vez. As pessoas ficavam famintas. Novas brigas estouravam. Roubos. Jerry os pressionava. Mais pessoas ficavam contra os semideuses.

E Damon se desdobrava para fazer o impossível. Era obrigado a sair mais e mais do perímetro para cobrir mais áreas de caça e conseguir algo que conseguisse alimentar a todos e acabar com as disputas.

Ele perdia mais membros da caça. Damon era obrigado a fazer um turno duplo para cobrir algumas áreas de agricultura por ser um filho de Deméter.

Quando finalmente conseguia equilibrar a alimentação no refúgio Seven aparecia com mais gente.

Ele era visto como um herói salvando humanos desse mundo terrível.

E mais uma vez Damon era acusado de não estar fazendo o seu trabalho. De não ser bom o bastante.

Bom. Ele estava cansado desse ciclo. Agora tinha um objetivo. Agora ele sabia o que faria para resolver de vez todos esses seus problemas. Seven. Jerry. O refúgio em si. Era uma missão perigosa? Sim. Mas com toda a certeza valeria a pena.

Toma o Olimpo. Fazer um novo refúgio fora do mundo mortal onde sua magia seria mais forte. Talvez encontrar uma forma de se vingar dos titãs? E o melhor. Sem humanos para lhe cobrar algo que ele sequer precisava fazer.

 Isso fazia com que aceitasse as críticas do povo e fizesse o seu trabalho. Que aceitasse a ideia estúpida de resolver essa questão em uma caça a bandeira como faziam nos velhos tempos de acampamento. Ele conseguia ter um pouco de paz e até mesmo apreciar algumas belezas da vida.

Como por exemplo o cenário que via agora. Estava nos arredores do Central Park fazendo algumas checagens de rotina nas cercas e nas plantações. O lugar era bonito e tinha se adaptado bem com o apocalipse selvagem que se acomodou as plantas do lugar. Era o que você imaginaria como a floresta de um conto de fadas bem macabro.

Em um dos lagos um cervo bebia agua na mais pura tranquilidade. Como era estranho, não é? Quase irônico. No fim das contas os animais tinham voltado a andar nas mesmas terras que tinham andado antes de os humanos tomarem tudo.

Era um retrato do novo mundo. Um cervo se refrescando no Central Park. Pouco sons a volta fora a atividade natural do refúgio. Muitas aves. O som da água que era perturbada cada vez que o animal bebia mais água.

O filho de Deméter estava a poucos metros dele. O animal finalmente o percebeu. Em vez de fugir ele se aproximou curioso olhando Damon com olhos inocentes de um animal que jamais viu um ser humano antes.

Damon se permitiu perder algum tempo olhando aquilo. Ele queria ser um cervo. Viver nessa felicidade. Conseguir sobreviver e esquecer como o mundo estava agora voltando a suas raízes naturais e sendo feliz com isso.

Damon sorriu.

Ele sentiu a vibração quando o pescoço do cervo se partiu. Drusiila em menos de um minuto tinha voado de sua mão e se enrolado no pescoço do animal lhe tirando o spro da vida sem deixar espaços para muito sofrimento.

A arma gostava da sensação de matar.

Com um puxão o corpo do cervo caiu no chão e Damon liberou o chicote. Tinha se distraído e os espinhos do chicote tinha feito alguns ferimentos no animal. Ainda assim a pele serviria para alguma coisa. Esse seria o jantar da vitória.

Drusila se apertou em seu braço. Damon quase podia ouvir a voz pedindo por mais sangue.

Damon prometeu que hoje ela teria mais.

Tudo morre.

Damon aceitava isso.

-x-

- Fazendo hora extra? – Smith perguntou quando viu Damon se aproximar da entrada. O filho de Atena deu uma risada obviamente tentando mostrar que isso era uma piada como se achasse que seu humor era criativo demais para que pudesse ter entendido.

O filho de Deméter encarou o guarda sem alterar sua expressão. Smith tinha largado a  caçada para entrar na guarda dizendo que não podia viver em uma vida tão perigosa como aquela. Damon prometeu que ele se arrependeria disso.

Ele podia ver que o rapaz tinha perdido peso. Ele tinha garantido que o ingrato fosse mal alimentado para mostrar como a vida sem perigos era boa sem o alimento que ele se arriscava para trazer. Isso porque na verdade estava bem feliz com o fato de que aquela matraca tinha saído do grupo. Deuses. Era insuportável ficar perto daquilo.

Smith entendeu o recado. Abriu a porta e antes de sair do caminho deu um olhar faminto para o animal que Damon carregava. Damon quase sentiu dó dele. Talvez diminuísse a punição. Agora ele voltaria a comer normalmente em um ano e não em cinco.

Entrou no Refúgio levando a carcaça nos ombros. Não se incomodou nem um pouco com o sangue que sentia escorrer do animal e sujar as suas roupas e muito menos com os olhares surpresos de alguns dos guardas e curiosos que mantinham suas rotinas diárias.

Era bom assustar um pouco as pessoas e mostrar que estava fazendo seu trabalho mesmo quando não estava em seu turno. O jogo de poder ali era muito pior do que no mundo político. Damon tinha que manter as aparências e mostrar força e superioridade para conseguir se manter no seu posto e manter o seu poder. Uma lição que aprendeu desde seus doze anos.

Na primeira vez que trouxe uma caça para o Refúgio todos pararam o que estavam fazendo como se estivessem vendo uma miragem. Damon estava coberto de ferimentos e sangue e a presa estava em um estado terrível porque teve que lutar quase sem armas em determinado momento usando uma pedra para esmagar os ossos.

O cenário. Um garoto de treze anos coberto de sangue trazendo o primeiro sinal de carne fresca que aquelas pessoas viam em meses. Se fosse um humano teriam arrancado o animal de suas mãos e mandando que ficasse de lado, mas sendo um semideus eles tiveram certo receio de se aproximar e isso lhe garantiu a posse de seu trabalho.

Aos poucos Damon foi trocando favores e trabalhos pela carne, conseguiu novos aliados para auxiliar na caça e em alguns anos ganhou o direito de ter um lugar próprio no refúgio. Isso não era pouca coisa.

Então um babaca vinha e criava um grupo de extermínio levando metade de seu contingente e ganhando o mesmo que ele tinha lutado para fazer com muito menos esforço já que toda aquela sociedade já tinha sido estabelecida.

E pensando naquele bastardo – tecnicamente todos os semideuses eram – Damon tinha assuntos a tratar que envolviam esse estorvo. Seven. Tão criativo. O nome dele é um número. Grande coisa. Provavelmente viu muito Dragon Ball Z quando era criança.

Arrastando a carcaça para o primeiro setor do prédio de caça Damon se livrou do peso na mesa chamando a atenção do açougueiro. Filho de Ares. Utah. Não se enganava mais pela paternidade do rapaz. Ele sabia cozinhar melhor do que qualquer filho de Deméter ou Hebe juntos

- Porque será que não estou surpreso? – Ele perguntou como se isso fosse um incomodo. Só que já preparava as facas para fazer seu trabalho com um brilho animado nos olhos. Esse era Utah. Sempre pronto para sujar as mãos de sangue cumprindo um pouco do estereótipo do seu pai.

- Ele se aproximou do perímetro. – Sorriu e fez um carinho na cabeça frouxa do animal lembrando de seus bons momentos meia hora atrás. - Tao inocente. Você sabe que eu não perdoo uma presa tão fácil...

- Todos sabemos que você nunca perdoa inocentes. - Utah começou a retirar a pele. Damon continuou assistindo distraído com a conversa. Sangue deixou de ser um problema anos atrás. – Sejam cervos ou filhas de Afrodite.

Damon se permitiu rir do humor do açougueiro. Decidiu participar da brincadeira já que não deixava de conter uma ou duas verdades.

- Só as de Afrodite? Ouvi que Seven trouxe carne nova.... – A única vantagem que vinha com tantas pessoas chegando ao mesmo tempo.

- Um aviso. Fique longe de minhas meio irmãs. - Utah apontou o facão de forma ameaçadora. Damon teve que se conter para não liberar Drusila que queria torcer o pescoço do filho de Ares. Era só uma brincadeira.

- Se ficar longe das minhas? – Damon piscou para ele indicando que sabia da piada interna.

Provavelmente foi possível ouvir a risada de Utah no alojamento mais próximo.

- Então sabe de mim e Hannah? - Utah parou o trabalho um pouco apreensivo.

Claro que Damon sabia. Em uma das noites de festa tinha feito a meia irmã e o açougueiro ficarem mais próximos iniciando uma conversa que sabia que interessaria aos dois. Era melhor manter esse talento na “família.”.

- Suspeitava. Fico feliz por vocês.

Sentiu que o açougueiro estava bem mais calmo agora que tinha sua aprovação para o relacionamento.

- E você Damon? Seu último namoro durou o quê.... três meses? - Utah voltou ao trabalho.

- Algo assim. Sabe como é. Gosto de variedade... – Damon tentou se lembrar do nome dela. Audrey? Damon odiava se conectar por muito tempo com alguém, e aquela filha de Atena nem era a das melhores que podia arranjar.

A risada de Utah cortou o ar mais uma vez. Damon gostava de ouvir uma pessoa feliz só para variar.

Utah mudou de expressão subitamente cortando a risada. Damon tinha sentido a presença na porta já fazia alguns minutos mas não estava com muita pressa. Já tinha ideia de quem podia ser, tinha sentido o perfume. E com a reação de Utah já pode ter certeza.

Utah ficou mais fechado e com uma expressão mista de precaução de choque. Semideuses e humanos nunca tinham as melhores relações, mas não era bem por causa disso. Como um homem comprometido provavelmente não era uma coisa boa estar no mesmo aposento que uma mulher daquelas.

- Posso interromper a conversa dos garotos? – A voz. Damon se lembrou da primeira vez que ouviu Tinha escolhido bem.

Damon se virou e seus olhos se perderam por um momento observando-a mais uma vez da cabeça aos pés como já fizera mais de uma vez. Era humana, mas bem que podia ser filha de Afrodite. Talvez até tivesse um legado da deusa ou até mesmo uma benção.

- Posso roubá-lo um pouquinho? – Alexa perguntou. Estava falando com Utah. Damon não precisava estar olhando para o açougueiro para saber que ele estava sem palavras. Ouviu um murmúrio intangível. Ele não devia estar entendendo nada.

Damon só pode sorrir e olhar para Utah com uma expressão tranquilizante. O filho de Ares entendeu a mensagem bem rápido. Seu rosto assumiu uma expressão de respeito, quase admiração. O modo mais fácil de ganhar o respeito de um filho de Ares.

- Isso deve ser um sim... – Alexa riu. Uma risada que despertava muito mais que alegria no filho de Deméter.

Ela agarrou seu braço e o puxou para fora do recinto. Ela já conhecia o seu aposento na outra parte do alojamento de caça então foi o guiando. Outros integrantes que estavam no alojamento levantaram olhares curiosos e deram algumas risadinhas, alguns já tinham visto a cena antes.

Entrado em seu quarto Alex se virou e o encarou com um sorriso mas seus olhos se focalizaram em algo em suas roupas. Damon tinha esquecido que suas roupas ainda deviam estar sujas de sangue de cervo.

- Tire isso. – Ela não perguntou. Só se aproximou e retirou sua camiseta. Damon não deu muita resistência tendo um dejavu repentino. Isso já tinha acontecido antes. Naquela vez ela não tinha sido gentil, ela queria marca-lo.

Quando as mãos dela tocaram seu cinto Damon teve que pará-la. Tinha que se lembrar onde ela esteve. Seus outros instintos não iriam se conter só por causa disso. Ele pousou suas mãos sobre as dela afastando as gentilmente e tirando o cinto por si mesmo enquanto a encarava.

- O que você descobriu? - Perguntou. Já tinha retirado as botas e a calça e foi procurar roupas limpas nos seus pertences. Ela se divertir olhando para ele mas Damon não tinha muito pudor com isso. Alexa já tinha visto bem mais do que suas roupas intimas.

- Fiz um cópia dos planos. Ele pretende proteger uma outra área. Quer fazer uma surpresa ou algo assim. Fiz uma cópia dos mapas, foi fácil gravar tudo. – Alexa retirou um pedaço de pergaminho de seu bolso e o colocou na mesa sorrindo com orgulho de seu trabalho.

Seven não merecia Alexa.

Damon não a amava. Longe disso. Damon já tinha tido noites melhores com outras pessoas. O mesmo para Alexa. Era uma relação divertida. Nenhum dos dois queria nada, mas gostavam da companhia ocasional um do outro. Ela lhe apresentava amigas. Ele lhe apresentava amigos.

E nesse caso. Um inimigo.

Usar Alexa no plano não foi a coisa mais fácil para Damon, mas era a única mulher que confiava o bastante para enganar Seven e conseguir as estratégias de seu lado na Caça a Bandeira.

Não era uma medida desesperada. Damon precisava vencer. Sua imagem pública não era a das melhores e não podia se dar ao luxo de ficar perdendo mais gente para tarefas estúpidas como salvar um abatedouro. Ainda mais um de grande porte que lhe taria ainda mais problemas.

Se Seven quisesse levar seu grupo em uma missão suicida como essa ele bem que podia, mas Damon não seria arrastado para isso. Sabia que se vencesse.... não... quando vencesse Seven provavelmente faria uma missão por baixo dos panos. Independente disso ele teria de emprestar suas forças quando Damon decidisse conquistar o Olimpo e isso valia muito.

Desistiu de procurar roupas e seu aproximou de Alexa abraçando sua cintura. Olhou por cima do ombro dela analisando o mapa. A estratégia de Seven era inusitada. Inteligente até, Damon demorou algum tempo, provavelmente uns cinco minutos para olhar o mapa e finalmente entender o que o outro líder planejava fazer.

- Isso confirma minha fonte. – Disse distraído.

- Outra fonte? - Damon sentiu uma ponta de ciúme na pergunta de Alexa. – Quantas garotas mandou para o quarto dele?

 Alexa na verdade foi a segunda vez que usou essa tática para obter alguma informação de Seven. Mas essa era uma história mais antiga e para outra hora.

- Só confio em você. – Riu dando a resposta que ela gostaria de ouvir. Não estava mentindo. – Consegui uma informante no grupo dele por conta de uma briga ou algo assim. Charlotte. Mas foram informações bem vagas e precisava verificar.

- Faz sentido... então... se vencer vai tomar o Olimpo? – Ela olhou mais uma vez para o mapa e perguntou como se estivesse distraída. Mas Damon sabia que ela estava realmente estava interessada.

- Se tudo der certo acho que em um ou dois anos.... esse é o plano...

- Ouvi dizer que não vai levar humanos... – Ela parecia um pouco magoada.

- Não sei humanos podem entrar no Olimpo. – Mais uma meia verdade....

- Mas se eles puderem... você me levaria? - Ela se virou repentinamente encarando Damon nos olhos e o pegando de surpresa. Ela abraçou sua cintura o pressionando.

- Sim. – Respondeu de imediato. Era difícil dar outra resposta para Alexa. Não com essa proximidade. E Damon queria acreditar que provavelmente levaria alguns humanos se tivesse espaço e comida o bastante. Não era uma pessoa ruim.

- Ótimo. – Ela deu um sorriso encantador que logo se transformou em um sedutor e então deixou seus dedos roçarem na única peça de roupa que Damon ainda usava. – Entáo.... quer comemorar sua vitória?

Damon teve que se lembrar novamente onde ela esteve recentemente. Não gostou da ideia.

- Não vamos comemorar antes da hora... – Se afastou um pouco para ter mais liberdade. Se sentiu corar um pouco.  – Vamos ter tempo para comemorar depois.

- Algo me diz que você precisa relaxar um pouco... – Ela riu. Aquele riso. Obviamente ela falava do sinal óbvio de que o corpo de Damon não estava concordando com a lógica.

- Quero guardas minhas energias... – Damon teve que pensar em algo inteligente para dizer. – Você vai ver que gosto bastante quando eu venço.

- Hum...  – Ela se encaminhou para a porta obviamente desapontada. – Acho que isso é outra coisa que vocês tem em comum.

- O quê? – Damon perguntou sem realmente entender de primeira a quem ela estava se referindo.

- Você e Seven. Vocês se parecem, não num nível físico. Mais como personalidade. Vocês com certeza são iguais... mas não poderiam ser mais diferentes.

- O que vocês quer dizer?

- Acho que vai entender. Só acho que seriam bons amigos. – Ela riu. Porque ela continuava rindo? Damon tinha que se controlar.

- Amigos? Não somos iguais em nada! – Damon exclamou finalmente pego de surpresa.

- Bom. Não só psicologicamente. Quando está comigo você me toca como se fosse a última coisa que fosse fazer no mundo, como se vivesse através dos sentidos e se agarrasse ao fato de que está vivo e tem que aproveitar o prazer disso virando um selvagem. .- Ela parou na porta sabendo que tinha a atenção. – Seven? Ele age com mais calma como se soubesse que tem tempo para testar, errar mas cometer bons acertos. Ele não quer viver. Ele já está vivo. Ele sabe que pode se aperfeiçoar. E no fim das contas os dois são ótimos.

-... – Damon ficou calado surpreso com toda aquela analise.

- Acho que isso é um adeus...? – Ela começou a fechar a porta.

- Espera.... – Damon quase deu um sussurro mas ela parou. - ... quem é melhor?

- Hum... garotos e suas competições não é? – Ela riu de novo. Aquela risada.– Acho que vai ter que vencer hoje para eu te contar... isso vai fazer você voltar hoje.

Ela foi embora ainda rindo.

Damon ficou calado por algum tempo tentando se acalmar mentalmente e fisicamente.

Hoje ele destruiria aquele bastardo.





Damon Wells
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